sexta-feira, março 02, 2007

Diamante de Gould

DIAMANTE DE GOULD
(CHLOEBIA GOULDIAE)

Classificação: Ordem dos Passeriformes. Família
dos Estrildídeos

Informação:
Tamanho: Cerca de 12 cm

Cores Originais:
- Cabeça: vermelha, preta ou laranja
- Peito: violeta
- Barriga: amarelo-ouro
- Manto: verde-luminoso

Cores Mutações:
- Cabeça: amarela ou cinza
- Peito: branco, rosa ou azul
- Barriga: creme
- Manto: amarelo, cinza-claro, azul, etc.

Identificação Sexual:
O macho tem cores mais vivas principalmente no peito, a cauda central mais comprida. Faz a corte movimentando-se no poleiro saltitando e cantando. No período de acasalamento é comum o bico do macho tornar-se mais claro e o bico da fêmea mais escuro.

Reprodução:
A partir dos 10 meses de idade a fêmea bota entre 3 e 8 ovos que eclodem após 15 e 17 dias, caso contrário fica a dever-se ao facto de frequentemente mudar de gaiola, a fêmea ser jovem demais ou velha demais, por falta de interesse do macho (vê-se quando o macho não corteja a fêmea). Uma solução possível é separa-los por um mês. As crias ficam independentes entre os 45 e 50 dias e nessa altura separe-as dos pais para iniciar uma nova postura. Após 3 posturas deve dar descanso de 1 mês ao casal, podendo assim realizar um total de 6 postura por ano no caso de ter pais adoptivos (Bengalins) mas no caso de a fêmea também chocar não deve fazer mais de 3 posturas por ano.

Criação:
Em geral os pais que criam exclusivamente e não por amas-secas as suas crias tornam-se mais zelosos. Se os acostumar-mos ao uso de ama-seca, dificilmente criarão sem a ajuda dela no futuro, embora saibamos que utilizando-as poderemos tirar um maior número de aves, tudo depende do objectivo e condições de cada um, embora as crias criadas pelos progenitores se tornarem independentes mais cedo.
Acessórios: Em gaiolas, 2 poleiros de 10 mm de diâmetro, bem afastados e longe das laterais para poder evitar danos nas penas da cauda, galhos de árvores (mais utilizados em viveiros) também são uma boa opção. Colocar uma banheira para banho diário (quer de areia que utilizamos para limpar fundo de gaiolas como água, pois ajuda na plumagem). Deixe sempre à disposição osso de siba (cubos de cálcio) para fornecimento de cálcio e areia mineralizada (grite) para ajudar na digestão.

A HISTÒRIA

Corria o ano de 1883, quando os membros de uma expedição francesa que iam rumo a Austrália, e atracaram na costa da Nova Zelândia. A expedição de finalidade científica não tardou a observar uns pássaros de cores chamativas e que eram muito abundantes, sobrevoando os altos arbustos, eram Diamantes de Gould. Só puderam capturar três espécies que descreveram e decidiram considerá-los como uma nova espécie (Poephila Mirabilis). Todos os diamantes capturados eram adultos de cabeça vermelha.
O grande ornitólogo Jhon Gould, que percorria a Austrália fazendo importantes descobrimentos, em seus apontamentos, assinalava que viu um ninho de Poephia. Outro cientista descobriu na península de Cobourg uns outros pássaros similares, porem de cabeça negra. Foi quando John Gould decidiu faze-los uma nova espécie, a quem chamou de Amadina Gouldiae. Apesar de sua semelhança, a diferença de cor lhe pareceu digna de consideração. Neste disformismo, não tardou em comprovar-se que Amadina Gouldiae era um Poephila Mirabilis com uma particularidade. É que o Diamante de Gould apresenta uma particularidade muito pouco comum, para uma mesma espécie existem distintas variedades, uma de cabeça negra e outra de cabeça vermelha, que podem conviver e reproduzir-se, aparentando-se entre elas.
Os primeiros Diamantes de Gould foram exportados para a Inglaterra no ano de 1887, onde receberam um acolhimento e entusiasmo por parte dos aficionados e criadores. Em 1896 expuseram em Paris os primeiros exemplares vivos de Diamantes de Gould e no ano seguinte em Berlim. O inglês P. W. Teague foi o primeiro a obter a reprodução de Diamantes de Gould, estudando umas 24 gerações e publicando as suas observações na Avicultura Magazine entre 1931 e 1946, e é a partir daqui que começa a grande expansão dos Diamantes de Gould entre os aficionados pela avicultura.
Em resumo o Diamante de Gould, criado há mais de 100 anos em cativeiro, ambientou-se à criação doméstica ao ponto de não estranhar a aproximação das pessoas e permanecer calmo em situações como a colocação de comida na gaiola, sem demonstrar medo. Isto é absolutamente extraordinário se tivermos em consideração que na natureza não desce ao solo para beber se não sentir total segurança, podendo voar até 3 horas à procura de um poço seguro. È comum que esta ave viva mais de 10 anos, quando tratadas adequadamente.
Gostaria por fim ainda de referir uma célebre frase de Gould numa de suas obras.

Se novidade é um atractivo, quando a novidade se une a beleza e a elegância, o atractivo resulta consideravelmente em realeza.”

Informações complementares:
Estas aves na natureza selvagem gostam de viver em bandos, como os machos não lutam entre si vivem harmoniosamente. Para criar estas aves é necessário ter mais machos que fêmeas, para que estas possam escolher os seus parceiros. No entanto estes tentilhões podem ser mantidos em gaiolas, embora o espaço não as estimule podendo assim dar origem a obstipações e a engordarem. Deve-se ter ainda em conta que estas aves são verdadeiros amantes do sol e que apreciam espaços verdes.
Para os amantes deste tipo de aves e que não têm qualquer conhecimento, deve ter em conta o seguinte, os diamantes não gozam de uma boa reputação relativamente à sua reprodução porque as fêmeas em geral abandona a ninhada prematuramente, pelo que, é necessário ter os casais de bengalins para chocar e criar. Este é o principal problema para podermos criar os diamantes, a mudança de ovos dos diamantes para os bengalins (não deve deixar chocar ovos de ambos) deve ser feita na altura em que ambos estão na postura (aconselhável ter ninhos espaçosos), isto porque é a melhor altura, não corremos o risco de levantarem do choco. Sabe-se ainda que dois machos bengalins também chocam e criam, mas eu pessoalmente prefiro o método que acabei de enumerar porque nos restantes casos acabei por perder as “crias” normalmente porque levantam do choco muito facilmente sem qualquer motivo aparente, embora saiba e tenha conhecimento de outros criadores utilizarem estes métodos e terem bons resultados, eu pessoalmente não aconselho, sendo preferível serem os próprios progenitores a criarem, pelo que se deve experimentar uma vez pelo menos, a não ser que nos apercebamos de imediato que o casal tem pouco interesse nos ovos. O acasalamento deve efectuar-se entre Outubro e Abril devendo tirar os ninhos o mais tardar em Maio.
Os Diamantes Gould adultos são por norma resistentes, mas não resistem a mudanças de temperatura bruscas bem como a correntes de ar derivadas destas mesmas alterações rápidas da temperatura. A temperatura ideal para diamantes é entre os 15 e os 25 graus Celsius, temperatura esta que temos relativamente em casa. Também são aves calmas e podem tornar-se muito familiarizadas com o seu criador.
Para quem for experimentar a reprodução destas aves, sabendo que não é fácil também não é uma coisa do outro mundo, porque eu, quando iniciei a criação dos Diamante Gould também não tinha qualquer noção como criar tal espécie e mesmo agora ainda tenho muito para aprender, sendo que, a melhor aprendizagem é feita connosco através das experiências realizadas dia a dia e que nos leva a uma maior confiança e motivação, pelo que deixo outra frase que todos conhecemos e devemos por em prática
“ Se os outros conseguem, eu também vou conseguir”

Espero que as informações tenham sido preciosas e desejo-vos boa sorte para a criação deste tipo de aves, ou outro qualquer, pois faz falta o brilho e a beleza da cor das aves porque de tristezas está o mundo cheio.
Saudações ornitológicas a todos.